Lesão no Menisco

Lesão do Menisco Medial

O menisco medial é um importante amortecedor de choque da região interna (medial) do joelho. Ele absorve em torno de 50% da carga que é submetido o compartimento medial. Dessa maneira, quando ocorre uma leão do menisco medial, é muito importante tentar repará-la preservando o menisco. É sabido que, quanto menor a quantidade de menisco viável restante, maior é a chance de desenvolver artrose . Por isso, é importante reparar as lesões meniscais que apresentam tecido viável para o reparo, restaurando o joelho a uma condição mais próxima do normal.

A lesão do menisco medial é mais comum que a lesão do menisco lateral porque o menisco medial está muito aderido ao ligamento colateral medial profundo e à capsula articular, diminuindo sua mobilidade e aumentando, com isso, o risco de lesão. Além disso, por absorver 50% da carga que é submetido o compartimento medial, o menisco medial fica susceptível a lesão.

Lesão do Menisco Lateral

O menisco lateral é um importante amortecedor de choque da região de fora (lateral) do joelho. Ele absorve em torno de 70% da carga que é submetido o compartimento lateral. As lesões do menisco lateral são menos frequentes que as lesões do menisco medial. Isso porque o menisco lateral é mais móvel do que o menisco medial, estando ligado ao platô tibial lateral de maneira menos rígida do que o menisco medial está ligado ao platô tibial medial. É sabido que, quanto menor a quantidade de menisco viável restante, maior é a chance de desenvolver artrose. Por isso, é importante reparar as lesões meniscais que apresentam tecido viável para o reparo, restaurando o joelho a uma condição mais próxima do normal.

Menisco medial e menisco lateral vistos de cima na tíbia
Menisco medial e menisco lateral vistos de cima na tíbia
Menisco medial e menisco lateral vistos de cima na tíbia
Menisco medial e menisco lateral vistos de cima na tíbia
Menisco medial e menisco lateral vistos de cima na tíbia

Tipos de Lesão do Menisco

Existem diversos tipos de lesão do menisco medial e lesão do menisco lateral:
  • lesão longitudinal ou vertical
  • lesão em alça de balde (lesão longitudinal extensa que pode se deslocar e ficar presa no intercôndilo)
  • lesão em alça de balde deslocada (porção deslocada do menisco presa no intercôndilo normalmente travando e impossibilitando a extensão completa do joelho)
  • lesão em bico de papagaio
  • lesão oblíqua
  • lesão radial
  • lesão em flap
  • lesão em flap deslocado
  • lesão horizontal ou transversa
  • lesão degenerativa
  • lesão complexa
  • lesão em menisco discoide (normalmente no menisco lateral)
  • lesão da raiz do menisco
  • lesão em rampa do menisco

Uma lesão complexa do menisco medial é uma combinação de dois ou mais tipos de lesão expostos acima. Em determinadas situações onde o tecido meniscal é inviável, a lesão tem que ser ressecada em vez de reparada ou suturada. Sempre que possível, é dada preferência ao reparo ou sutura do menisco em vez de sua ressecção, visto que a quantidade de menisco ressecada impacta diretamente no risco de artrose, principalmente se os pacientes continuarem participando de atividades de impacto

Tipos de Lesão do Menisco - Longitudinal Horizontal Radial Raiz
Tipos de Lesão do Menisco - Longitudinal Horizontal Radial Raiz

Sintomas da Lesão no Menisco

  • Dor
  • inchaço e rigidez, aumentando gradualmente em 2 a 3 dias
  • bloqueio ou travamento
  • Instabilidade
  • Dificuldade de esticar completamente o joelho

Ressonância Magnética Diagnóstica

O exame de ressonância magnética para lesão de menisco é bem importante visto que confirma a suspeita clínica da lesão fornecendo informações sobre o tipo da lesão e a região do menisco onde ocorreu. Além disso, a ressonância também auxilia na detecção de lesões associadas como lesão da cartilagem ou lesão de ligamento.

Normalmente, a ressonância magnética avalia o joelho em três planos: coronal (da frente para trás), sagital (de medial para lateral), axial (de cima para baixo).
O exame costuma durar 30 minutos e usa um campo magnético para gerar as imagens, não emitindo radiação ionizante. Por gerar esse campo magnético, alguns pacientes com implantes metálicos não podem realizar o exame. O paciente entra dentro de um tubo para o exame e isso pode gerar claustrofobia nos pacientes mais susceptíveis. Nesses casos, o paciente pode procurar por aparelhos com o tubo mais curto e mais largo que diminui a sensação desagradável ou ainda aparelhos de ressonância magnetica com campo aberto onde o paciente não fica dentro de um tubo. Como alternativa, o paciente pode realizar o exame sob sedação.

Radiografia

Ressonância magnética demonstrando lesão do menisco lateral - cortes coronal sagital e axial
Ressonância magnética demonstrando lesão do menisco lateral - cortes coronal sagital e axial
O exame de radiografia ou RX não avalia o menisco diretamente. Ele é utilizado para analisar o alinhamento dos membros inferiores do paciente (neutro, varo – joelhos para fora, valgo – joelhos para dentro) e sinais de artrose como diminuição do espaço articular, osteófitos (bicos de papagaio), esclerose subcondral, cistos e subluxação da articulação. Tanto o alinhamento como o grau de artrose influenciam na tomada de decisão sobre qual a melhor conduta para o paciente com lesão de menisco.

Tratamento Não Cirúrgico das Lesões de Menisco

Algumas lesões de menisco podem evoluir de maneira satisfatória com o tratamento não cirúrgico. É importante a avaliação médica para determinar quais as chances de cicatrização do menisco, bem como a indicação do tratamento correto a ser seguido, visto que determinadas atividades e exercícios favorecem a cicatrização enquanto outras prejudicam. Características como idade, tempo de lesão, tipo de lesão, região e zona acometidas, além de sinais de degeneração, alinhamento e grau de artrose são fatores levados em consideração. Algumas lesões tem um baixo potencial de cicatrização e, de maneira geral, quanto maior o tempo entre a lesão e o início do tratamento, menor vai se tornando esse potencial.

Tratamento Cirúrgico das Lesões de Menisco

O tratamento cirúrgico da lesão de menisco é indicado nas lesões com baixo potencial de cicatrização, lesões instáveis, lesões com risco de causar o travamento do joelho, lesões extensas, lesões em alça de balde  e pacientes que necessitam retornar rapidamente a atividades esportivas ou de alta demanda, entre outras. A cirurgia é realizada por meio de técnicas minimamente invasivas com pequenas incisões e artroscopia.
Existem dois tipos principais de tratamento cirúrgico do menisco:
  1. Ressecção da Lesão ou Regularização do Menisco
  2. Reparo ou Sutura da Lesão do Menisco

Cirurgia do Menisco - Ressecção da Lesão ou Regularização do Menisco

O primeiro tipo de cirurgia do menisco consiste na regularização da porção lesionada. O cirurgião resseca a parte lesada, deixando somente a parte intacta. Essa regularização ou meniscectomia era muito realizada no passado quando não se sabia da importância dos meniscos. Esse tipo de cirurgia foi responsável pelo desenvolvimento de artrose de vários pacientes ao passar dos anos. Atualmente a ressecção da lesão ou regularização do menisco é indicada para os casos em que o tecido meniscal é impróprio para o reparo, como flaps e tecido degenerado, além de situações específicas que necessitam retorno rápido a atividades, já que a reabilitação desse tipo de cirurgia é mais rápida do que a cirurgia de reparo ou sutura do menisco.
O paciente pode pisar imediatamente após a cirurgia e já dobrar completamente o joelho.
O retorno a atividades de impacto costuma ser adiado por 6 semanas.
Quando a quantidade de menisco ressecada é muito grande, é recomendado evitar atividades com muito impacto (corrida, futebol, etc.) devido ao riso aumentado de artrose.
Os pacientes, após essa cirurgia, devem ser acompanhados rotineiramente pelo médico. Dor e inchaço podem ser sinais de progressão da artrose. Caso os sintomas continuem, pode ser necessário modificar as atividades rotineiras, realizar exercícios de baixo impacto, infiltrações e até mesmo um transplante de menisco.
É praticamente certo que um paciente que teve uma grande quantidade de menisco ressecado desenvolva artrose. Como cada paciente é diferente, a degeneração e a artrose podem ocorrer em poucas semanas ou ao longo de vários anos. Por isso a importância da avaliação médica diante de dor ou inchaço, para se ter certeza que não esteja ocorrendo a diminuição do espaço articular e a formação de osteófitos que são indicativos de que a cartilagem do compartimento medial está desgastando.

Astroscopia mostrando lesão

Cirurgia do Menisco – Reparo ou Sutura da Lesão do Menisco

O segundo tipo de cirurgia do menisco consiste no reparo da lesão. O menisco é suturado, ou seja, são realizados diversos pontos no menisco, fechando a lesão para que a mesma cicatrize.
Esse tipo de cirurgia visa restaurar o joelho ao mais próximo do normal em relação a cirurgia de ressecção de menisco. Isto porque já existem diversas evidências científicas demonstrando que quanto maior é a quantidade de tecido meniscal retirada, maior é a chance de o paciente evoluir com artrose devido às importantes funções dos meniscos, entre elas a de funcionar como um amortecedor.
Normalmente optamos por realizar diversos pontos de sutura no menisco (“costuramos o menisco”) e estimular a sua cicatrização com elementos provenientes da medula óssea.
Apesar de muito mais benéfica para o joelho, a reabilitação desse tipo de cirurgia é mais demorada do que na ressecção do menisco. Isso porque a carga precoce e movimento irrestrito podem abrir de novo a lesão, por isso, existe um protocolo e específico para cada tipo de lesão e reparo realizado visando aumentar a taxa de sucesso da cirurgia.
O paciente com o menisco cicatrizado após seu reparo está livre para o retorno a suas atividades, incluindo as esportivas de alto impacto como corrida, futebol, rugby, basquete, voley, handebol, artes marciais, cross-fit, etc.

Menisco Normal e Lesão em Alça
Menisco Normal e Lesão em Alça